segunda-feira, 22 de setembro de 2008

06 - O PERISPÍRITO

Perispírito: "...após a morte, é o corpo espiritual o veículo físico por excelência, com sua estrutura eletromagnética...
...é ele santuário vivo em que a consciência imortal prossegue em manifestação incessante, além do sepulcro, formação sutil, urdida em recursos dinâmicos... em cuja tessitura as células, noutra faixa vibratória... se distribuem... com a respectiva carga elétrica, comportando-se no espaço segundo a sua condição específica..."
Do livro Evolução em Dois Mundos - André Luiz - Psic. Francisco Cândido Xavier - 7ª Edição - FEB - Cap. II - 1ª parte - Corpo Espiritual - Retrato do Corpo Mental.
Falar ou escrever sobre a estrutura íntima do perispírito, somente é possível se adentrarmos no campo das hipóteses, haja visto que a ciência ainda carece de meios para a sua pesquisa objetiva. Como nos ensina J. B. Rhine, in "O Novo Mundo da Mente", de que não somente é a vida em si ainda um mistério, como todo o campo da ciência, e principalmente da biologia, está enredado com problemas básicos por resolver. Por exemplo, quais são as forças que organizam as substâncias que constituem os organismos vivos, criando-lhes as formas que apresentam? Como se originaram as características da espécie? Como são na realidade preservadas e mantidas em potencial durante todas as fases da reprodução? Muitas perguntas como estas continuam sem respostas. Mas as bases para as respostas, principalmente para nós espíritas, estão nas obras que compõem a Codificação da Doutrina dos Espíritos.
Respostas básicas, acenando para que a Ciência as investigue, a fim de, comprovando-as, contribuir para que o homem se liberte, conhecendo a verdade, e alce vôos mais altos. Em nosso estudo, iremos nos servir das Obras Básicas de Allan Kardec.
O termo Perispírito, criado por Allan Kardec, serve para designar o envoltório, a roupagem, do Espírito. Não se há de confundir, portanto, Perispírito com Espírito, assunto que abordaremos no momento oportuno.
Diremos que, sem o perispírito não poderíamos visualizar o Espírito em sua essência. O perispírito , individualiza-o. Verifica-se, assim, o importante papel que exerce o perispírito, acompanhando o Espírito desde sua criação, como necessidade, possibilitando ao mesmo, elementos de manifestação e progresso.
Como já tivemos oportunidade de dizer, em nosso modesto opúsculo, O Perispírito, da série "Atualidade de Allan Kardec", antropologicamente o perispírito está na raiz, na base , da formação de todo conteúdo filosófico de todas as religiões, pois é por seu intermédio que foi possível ao Espírito fazer-se presente, seja através de sonhos, visões, aparições tangíveis ou não, manifestando-se, desde tempos imemoriais, a partir da existência do homem. Verifica-se , então, ao longo das civilizações, a diversidade de denominações que tomou. No Egito, Ka; na Grécia, Ochéma; Pitágoras designava-o Eidolon; na Índia, Linga Sharira; e assim por diante.
Modernamente, André Luiz o denomina Psicossoma. No mundo da ciência, pesquisadores sérios, brasileiros, como Henrique Rodrigues e Hernani Guimarães Andrade, o denominam, respectivamente, de Corpo Estruturador da forma e Modelo Organizador Biológico. Na extinta União Soviética, cientistas sérios o denominavam de Corpo Bioplasmático, Corpo Energético.
Contudo, no que tange à sua estrutura íntima, a ciência caminha a passos lentos, quase parando, vacilante, receosa de assistir o desmoronamento das diversas bastilhas da incompreensão, da intolerância, do poder temporal, da exploração da fé.
É com pesar que assistimos a essas mesmas bastilhas, dentro do movimento espírita. Sobre o assunto, existem hipóteses de trabalho, de pesquisadores sérios, como Hernani Guimarães Andrade, mas como bem frisamos, hipóteses.
Para prosseguir nosso estudo e análise, como em nosso opúsculo já citado, focalizaremos três itens de relevância:
1- Natureza e origem do perispírito; 2- Propriedades do perispírito; 3- Funções do Perispírito.
Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", introdução VI, enfatiza o seguinte: "Existem no homem três coisas: 1) O corpo ou ser material ; 2) A alma ou ser imaterial; 3) O laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o espírito". Continuando nos diz: "O laço ou perispírito... é uma espécie de envoltório semimaterial..." "...destruído o corpo material, o Espírito conserva o perispírito, que constitui para ele um corpo etéreo".
Falamos anteriormente que não poderíamos confundir perispírito com Espírito. Situemo-nos bem, antes de caminharmos mais um pouco. É importante que fique bem claro que há Espírito e Espírito. Mas como? Daí a importância da pesquisa e da análise. Vejamos em "O Livro dos Espíritos":
Perg. 23 - Que é o Espírito? O princípio inteligente do Universo.
Perg. 76 - Que definição se pode dar dos Espíritos? São os seres inteligentes da Criação. Allan Kardec introduz uma nota à resposta, esclarecendo que o vocábulo Espírito era empregado para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente universal. Complementando a resposta à perg. 76, vemos a resposta que corrobora a nota de Kardec. "Perg. 79 - Resposta:...os Espíritos são individualizações do princípio inteligente..."
Da pesquisa e da análise, chegamos então a concluir que aquele princípio inteligente habita todas as formas e seres da criação; que para a sua manifestação no mundo material e consequente evolução, necessita de um corpo semimaterial que o ligue à matéria, possibilitando destarte, sua manifestação: o perispírito.
Conclui-se, então, que Espírito, princípio inteligente e perispírito, apesar de distintos, estão intimamente ligados desde a criação.
Com a compreensão da assertiva acima, prosseguiremos na análise do item 1 - Natureza e origem do Perispírito. Neste tópico, tentaremos focalizar a estrutura íntima do perispírito.
Inicialmente, identificamos dois elementos gerais do Universo: Espírito e Matéria. Além dos elementos gerais citados, verifica-se a presença de um terceiro componente, intermediário entre Espírito e Matéria, denominado Fluido Universal (primitivo ou elementar) que se distingue do elemento material, por propriedades especiais (L.E. per. 27).
Estabelecemos, então, como ponto de partida que:
1- Os Espíritos são constituídos de substância espiritual, ou do elemento espiritual, como os corpos são constituídos de substância material, ou elemento material.
2- Os Espíritos são envolvidos por uma substância vaporosa, que constitui o seu invólucro semimaterial (L.E. perg. 93).
3- Este envoltório semimaterial o Espírito o retira do Fluido Universal (L.E. perg. 94).
4- A natureza desse envoltório é semimaterial, isto é, de natureza entre o Espírito e o corpo material (L.E. perg. 135-a).
5- Sendo a sua origem o Fluido Universal, o perispírito participa ao mesmo tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. Seria a quintessência da matéria (L.E. perg.257).
6- O perispírito possui algumas propriedades da matéria (L.M. 1ª parte, cap. I, item 3).
7- Embora sendo de natureza fluídica, o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria, sutil, que pode alternativamente passar do estado sólido ao fluídico, e vice-versa (L.M. 2ª parte - cap. I, item 57).
8- Sendo o perispírito semimaterial, pertence à matéria pela sua origem e à Espiritualidade pela sua natureza etérea. Como toda matéria, é extraído do Fluido Cósmico Universal (A Gên. cap.XI, item 17).
Sintetizando, veremos que:
1) O perispírito e o corpo material têm sua fonte de origem no mesmo fluido; um e outro são matéria, posto que sob dois estados diferentes (Rev. Esp. Ano IX - março 1866 - vol.3).
2) Sem a ALMA, princípio inteligente, o perispírito, assim como o corpo material, é uma matéria inerte, privado de vida e de sensações (Rev. Esp. Ano IX - março 1866 - vol.3).
Partindo dessa premissas, podemos concluir , no que tange a Origem e Natureza do Perispírito, que:
- O Perispírito sendo matéria é inerte, não pensa.
- Que as sensações, as percepções, a inteligência, o pensamento, não são atributos do perispírito, mas sim do Espírito.
- Que a idéia de forma é inseparável da de Espírito. Não há como conceber uma sem a outra. Assim, o perispírito faz parte integrante do Espírito, evidenciando que em qualquer grau de adiantamento em que se encontre o Espírito, sempre estará revestido de um envoltório , ou perispírito.
- Que o perispírito forma o corpo semimaterial dos Espíritos, quando no mundo espiritual, e serve de elo, de intermediário, com o corpo físico, quando encarnado.
Com as observações anotadas no tópico precedente, Natureza e origem do Perispírito, abordaremos em seguida o item Propriedades do Perispírito, que em síntese, são:
- Devido sua natureza fluídica, o Perispírito é expansível e flexível.
- Forma em torno do corpo físico, uma atmosfera que o pensamento e a vontade podem dilatar para mais e para menos.
- Absorve e assimila os fluidos do ambiente.
- Possibilitando o Espírito de atuar sobre a matéria, constitui-se no princípio de todas as manifestações, sejam espíritas ou anímicas.
- É o intermediário nos processos de transferência dos fluidos, de energias, que se verificam nas curas e nos passes espíritas.
Para corroborar as conclusões elencadas, é importante a análise dos trechos das obras de Allan Kardec, a seguir:
1- O perispírito tem a forma que o Espírito queira (L.E. perg. 95).
2- A Alma não se acha encerrada no corpo, qual pássaro numa gaiola. Irradia e se manifesta exteriormente (L.E. perg. 141).
3- O Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa. Irradia por todos os lados (L.E. perg. 420).
4- O pensamento é um dos atributos do Espírito; a possibilidade que ele tem de atuar sobre a matéria, de nos impressionar os sentidos, e, por conseguinte, de nos transmitir seus pensamentos, resulta da constituição fisiológica que lhe é própria (L.M. 1ª parte - cap.I, item 7).
5- O perispírito pode variar de aparência, modificar-se ao infinito; a alma é a inteligência, não muda sua natureza (L.M. Trad. LaKe - Herculano Pires - 1ª parte - cap. IV, item 51).
6- Por sua natureza semimaterial, o perispírito é flexível e expansível. Amolga-se à vontade do Espírito, que lhe pode dar a aparência que entenda. Pode dilatar ou contrair, prestando-se a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua (L.M.2ª parte - cap. II, item 56).
7- Em virtude de sua natureza etérea, o Espírito propriamente dito não pode atuar sobre a matéria grosseira, sem intermediário, sem o elemento que o liga à matéria. Este elemento, que constitui o que chamais perispírito , vos faculta a chave de todos os fenômenos espíritas de ordem material (L.M. 2ª parte - cap. IV, item 74, resposta à perg. IX).
8- O perispírito é o princípio de todas as manifestações (L.M. 2@ parte - cap. VI, item 109).
9- ... das propriedades do perispírito após a morte, aplica-se ao perispírito dos vivos... (L.M. 2ª parte - cap. VII, item 114).
10- Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade (A Gên. - cap. XIV, item 18).
11- Sua ação fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e deste ao corpo material (Rev. Esp. ano VIII - set. 1865, vol.9).
Após o exame, estudo e análise dos itens Natureza e Origem e Propriedades do Perispírito, de forma suscinta, vejamos as funções do perispírito, sinteticamente:
- Organismo que personaliza, individualiza e identifica o Espírito
- Órgão sensitivo do Espírito.
- Princípio das comunicações mediúnicas - Base angular dos fenômenos mediúnicos e anímicos.
A ciência, na atualidade, começa a adentrar no campo do Espírito, tendo em vista as necessidades de respostas consentâneas com o bom senso e a razão.
Verificamos que mesmo, ainda, sem as comprovações experimentais, de laboratório, algumas de suas teses e hipóteses vêm corroborar os ensinos dos Espíritos, codificados por Allan Kardec há mais de 140 anos. Percebe-se que as palavras, que os termos utilizados são outros, entrevendo apenas uma questão de forma, de apresentação. O fundo, a essência, dos princípios doutrinários permanece inalterado, confirmando a assertiva do Cristo: ''Na época oportuna, Eu enviarei o Consolador, que ficará convosco até o final dos tempos".
As pesquisas de caráter científico no passado, que comprovaram os postulados Kardequianos, adentrando a Doutrina dos Espíritos portas a dentro das grandes universidades do mundo, e as Academias científicas, para discussões e análise, estas mesmas pesquisas, hoje estão esquecidas. Dizem que brasileiro não tem memória e isto inclui os espíritas, com raras exceções.
Se perguntarmos quem porventura já estudou "Animismo e Espiritismo" , de Aksakof; "Física Transcendental", de Zollner; "Tratado de Metapsíquica", de Richet; Crookes, Bozzano, Delanne, e tantos outros; "Revista Espírita", de Kardec, e mesmo as Obras Básicas do Codificador, ficaremos estarrecidos ante a mediocridade das respostas positivas, ante o manancial de conhecimento e entendimento doutrinário-filosófico-científico que foi, está e estará sendo desprezado, em nosso próprio detrimento.
No entanto, vemos que as novidades, muitas plenamente acordes com a Doutrina dos Espíritos, e outras não, têm recebido atenção, estudo e discussão. Sentimos de há muito tempo, que parece existir um movimento, partindo de elementos arraigados a concepções terrenas, a posições de destaque político dentro do movimento espírita, de relegar a segundo e talvez mesmo a último plano, o estudo, a análise, a pesquisa, a discussão destes grandes valores da literatura espírita, verdadeiro manancial de luz, inclusive das obras de Kardec. Um exemplo: a Revista Espírita de Kardec teve sua edição encalhada por falta de incentivo. Outro exemplo: a FEB editou o livro de Zollner, Physica Transcendental (isto mesmo com PH) sabem quando? Em 1908, e nunca mais. Verificamos sim, edições e mais edições de livros com mensagens repetitivas, falando a mesma abordagem, com linguagem melíflua, subjetiva, padresca, praticamente sem conteúdo doutrinário, insinuosa a comportamento de bondade exterior, sem levar em conta a recomendação maior do Cristo: Conheça a Verdade e ela vos tornará livres. Tais comportamentos induzem a transformar as Casas Espíritas, os Centros Espíritas e o movimento em casas, centros e movimentos igrejeiros, místicos.
Na atualidade, são raras as pesquisas de laboratório, objetivas, com critério científico, em busca da verdade. A grande maioria das pesquisas são subjetivas, algumas de caráter científico, mas sem a comprovação real, tornando-se, portanto, hipóteses de trabalho. São válidas? Sim. Somente não trazem o selo da comprovação, e dessa forma não podem ser encaradas como doutrinárias, no contexto da Doutrina dos Espíritos.
No que tange ao assunto perispírito, a comprovação científica data do século passado, com as memoráveis experiências de Zollner, Crookes, e outros, já esquecidos. Com base naquelas mesmas experiências, comprovaram-se praticamente todos os princípios básicos da Doutrina Espírita, sendo que inúmeras foram de caráter laboratorial, cercada de todos os requisitos e rigores científicos. Neste século, século de luzes, a objetividade de determinadas pesquisas, iniciadas por "simples acasos" , trouxeram mais conhecimentos e obviamente vieram alicerçar as comprovações do que já esta comprovado. E vieram exatamente dos cientistas materialistas.
As pesquisas iniciadas por Semyon Kirlian e prosseguidas por diversos cientistas da ex-URSS, alicerçaram aquelas comprovações, já mencionadas. É importante frizar que as pesquisas foram iniciadas em 1939 e o resultado comunicado ao mundo científico em 1968.
Constatou-se, experimentalmente:
1) A existência da Bioenergia. Ao anunciar esta constatação, informou-se de que a Bioenergia é: a - responsável por todos os processos da vida;
b - que todos os fenômenos físicos, químicos e biológicos sofrem a interação da bioenergia;
c - que todo o Universo está mergulhado na bioenergia.
d - Fazendo uma correlação doutrinária, veremos:
- Kardec nos traz e nos ensina sobre a existência do Fluido Cósmico Universal.
- André Luiz , em "Evolução em dois mundos", cap.I, Fluido Cósmico, in forma: "O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador... Nesse elemento primordial, vibram e vivem , constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano".
Constata-se, assim, experimentalmente, a existência do Fluido Cósmico Universal, cientificamente denominado Bioenergia. Questão de forma, não de fundo.
2) A existência de um Campo Bioplasmático, ou Energético, em todos os seres vivos, e igualmente na matéria inanimada. As fotografias, denominadas de Fotografia do Campo Bioplasmático, levaram os cientistas, inicialmente, à conclusão de que se tratava de um simples fenômeno elétrico. Com o prosseguimento das pesquisas, concluíram que o simples fenômeno elétrico sofria uma série de variantes, tais como: a) poderia ser alterado; b) poderia ser perturbado; c) era orientado; d) era dirigido; e) poderia ser anulado. Verificou-se que tais comportamentos eram devidos a:
3) Existência de um Corpo Bioplasmático.
Teceremos comentários sobre sua estrutura, adiante.
No anúncio à comunidade científica, expôs-se que, " O homem é muito mais do que uma máquina, e a fotografia Kirliana demonstra mais dimensões que supúnhamos". Todas as coisas vivas possuem não só um corpo físico, constituído de átomos e moléculas, mas também , um corpo energético equivalente.
- Perispírito - Corpo Bioplasmático
- Irradiação do Perispírito - Campo Bioplasmático
Conforme estudamos, em uma das propriedades do perispírito, a de irradiação, Kardec nos informa que "o perispírito forma em torno do corpo físico uma atmosfera..." . Vejamos bem, atmosfera - campo. Comprovação científica, obtida experimentalmente. Questão de forma, não de fundo.
Demonstrou-se, experimentalmente, que o Campo Bioplasmático ou Bioenergético varia de pessoa para pessoa, dependendo de fatores fisiológicos, emocionais, psicológicos, mentais etc.
4) A Transferência de energia (fluidos).
As pesquisas evidenciaram que "a cura psíquica envolve uma transferência de energia do corpo bioplasmático do curador para o corpo bioplasmático do paciente. As mudanças ocorridas nesse nível finalmente se refletem no corpo físico, e curam-no, segundo se afirma".
Estranha coincidência. Allan Kardec, na Revista Espírita, setembro de 1865, volume 9, pág. 258, ensina-nos que "o perispírito exerce papel fundamental na transferência de fluidos", e diz: ''Sua ação fluídica se transmite de Perispírito a Perispírito, e deste ao corpo material". Igualmente em A Gênese, cap. XIV, item 31, informa: "Pela identidade de sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo...".
Novamente, comprovação científica, experimentalmente.
Novamente, questão de forma, não de fundo.
Abordamos, a seguir, o tema central : Estrutura Íntima do Perispírito.
Não há, ainda, experimentalmente comprovado, qualquer estudo sobre a Estrutura Íntima do Perispírito. Existem hipóteses, em decorrência das pesquisas levadas a efeito e em andamento, e algumas válidas, no âmbito doutrinário. Vejamos uma delas.
Na Universidade de Kirov, em Alma-Alta, no Casaquestão, ex-URSS, cientistas tomaram de uma folha de um vegetal, cortaram-na, extraindo-lhe uma parte. Iniciada a pesquisa de fotografia do Campo Bioenergético, o padrão de Energia de toda a folha ficou evidenciando, apareceu. A energia em torno do local secionado foi considerada uma espécie de Plasma. (Lembramos que em física, o plasma é o quarto estado da matéria - torrentes de massas de partículas ionizadas). Após várias pesquisas, constatou-se que se cortar mais de um terço da folha, ela "morre" e seu corpo energético desaparece. Verificou-se, também, que quando um ser humano perde um dedo, um braço, ou tem uma perna amputada, ainda conserva o Corpo Bioenergético, equivalente. Constatou-se que quando o corpo bioenergético desaparece, a planta, animal ou o ser morre. Que era esse Duplo?
Verificou-se que era uma espécie de constelação elementar, semelhante ao plasma, feito de elétrons e prótons ionizados, excitados, e possivelmente de outras partículas. Ao mesmo tempo, porém, o corpo energético não é apenas formado de partículas. Não é um sistema caótico. É, por isso mesmo, todo um organismo unificado. Atua como unidade, e como unidade, emite os próprios campos eletromagnéticos e é a base de campos biológicos.
Um dos traços mais característicos é a sua organização espacial específica. Possui forma. No seu interior, os processos têm seu próprio movimento, absolutamente diverso do padrão de energia do corpo físico. O corpo energético também é polarizado. O plasma biológico do corpo energético é específico de cada organismo, de cada tecido, e possivelmente de cada biomolécula. A especialidade determina a forma do organismo.
Pesquisam-se, ainda, se este mesmo corpo energético, não seria uma espécie de Padrão Organizador, invisível, inerente aos seres vivos. Neste campo, o Dr. Alexandre Studitsky, do Instituto de Morfologia Animal de Moscou, picou um tecido muscular em pedaços ínfimos, e colocou-os na ferida feita no corpo de um rato. A partir daqueles pedaços, no corpo reconstituiu um músculo inteiramente novo, como se naquelas células existisse um padrão organizador.
Concluindo, vemos que não há, ainda, consenso científico sobre as pesquisas que estão se desenvolvendo no mundo.
Dessa forma, conclamamos a todos a atender a mensagem-apelo de Bezerra de Menezes: Jesus é a porta. Kardec a chave.

Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) A Gênese - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Antologia do Perispírito - José Jorge
5) Correnteza de Luz - José Raul Teixeira
6) Alma Humana - Antônio Freire

05 - OS FLUIDOS ESPIRITUAIS

INTRODUÇÃO
O estudo dos fenômenos espíritas fez-nos conhecer estados de matéria e condições de vida que a Ciência havia longo tempo ignorado.
Ficamos sabendo que, além do estado radiante, a matéria, tor¬nada invisível e imponderável, se encontra sob formas cada vez mais sutis que se denominam fluidos. À medida que se rarefaz, adquire novas propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se uma das formas da energia.
Esta força, gerada pelo próprio Espírito encarnado ou desencar¬nado, tem sido designada sob os nomes de força ódica, fluído magné¬tico, força elétrica, força psíquica e, mais recentemente, de Bioenergia. É através dessa energia específica que os Espíritos interagem uns com os outros e exercem a sua influência no mundo corpóreo.
CONCEITOS BÁSICOS
Em [LE-qst 27] dizem os benfeitores espiri¬tuais que todas as coisas que existem no Universo podem ser sistemati¬zadas em três elementos fundamentais deno¬minados de TRINDADE UNIVERSAL. Esses elementos são:

DEUS - ESPÍRITO - MATÉRIA

Deus: a causa primária, a inteligência suprema, cuja na¬tureza não nos é dada conhecer, agora;
Espírito: o princípio inteligente, uma "energia pen¬sante", com inteligência e moralidade próprias;
Matéria: que na definição espírita é "tudo sobre o qual o Espírito exerce a sua ação."
Observa-se, portanto, que o conceito espírita de matéria trans¬cende à definição da física oficial (tudo que tem massa e ocupa lugar no espaço). Se retirarmos do Universo os Espíritos e Deus, tudo o que restar é matéria.
Reconhece-se três tipos de matéria:
a) Matéria Ponderável: é a matéria do mundo físico, que preen¬che o mundo dos encarnados e dá origem aos corpos físicos;
b) Matéria Imponderável: é a matéria do mundo espiritual, num tônus vibratório mais elevado que não nos é dado perceber. Forma o pe¬rispírito, as construções do mundo espiritual e os fluidos espirituais.
c) Fluido Cósmico Universal (FCU): é a matéria elementar primitiva, dispersa por todo o Universo. Uma matéria extremamente su¬til, cujas modificações e transformações vão constituir a inumerável variedade dos corpos da natureza. É nesse elemento primordial para a vida, que vibram e vivem todos os seres e todas as coisas: conste¬lações e sóis, mundos e almas, como peixes no oceano. A manipulação desse fluido pelos Espíritos através de seus pensamentos e sentimen¬tos, vai dar origem aos fluidos espirituais.
MECANISMO DE FORMAÇÃO
O benfeitor André Luiz define Fluidos Espirituais como sendo
"um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em pro¬cesso vitalista semelhante do Criador, esparsa em todo o cosmos, transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influen¬ciar na Criação, a partir de si mesma."
Observa-se pela definição de André Luiz que todo um processo dinâmico e complexo envolve a formação dos Fluidos Espirituais. Ao ser absorvido pelo corpo espiritual, o Fluido Universal será manipulado na mente. A mente humana, sediada no Centro Coronário é um brilhante la¬boratório de forças sutis, onde o pensamento e a vontade estão agluti¬nando as partículas do Fluido Cósmico Universal e dando a elas as suas próprias características. O Fluido Espiritual específico da individua¬lidade, será distribuído por todos os centros de força, ocupará as re¬giões mais íntimas do perispírito e ao se exteriorizar para fora da organização espiritual irá constituir a aura, distribuindo-se, logo após, pelo ambiente, formando a atmosfera espiritual do local.
A AURA
A aura é o resultado da difusão dos fluidos espirituais para além da organização perispiritual. Forma em torno do Espírito um en¬voltório fluídico, de cerca de 20 a 25 cm a partir da superfície do corpo, segundo Hernani Guimarães de Andrade, e vai se constituir no retrato de nosso mundo íntimo. O que somos, o que pensamos e o que sentimos será fielmente retratado em nosso campo áurico.
Todos os elementos da natureza possuem a sua aura típica, mas será no homem, devido aos seus diversos estados de sensibilidade e afetividade, que as irradiações áuricas irão sofrer as mais profundas modificações.
No ano de 1939, o técnico em Eletricidade Semyon Kirlian, coadjuvado por sua esposa Valentina, na Rússia, construiu uma câmara elétrica de alta freqüência na qual se pode obter fotografias das au¬ras. Denomina-se KIRLIANGRAFIA a técnica que hoje estuda e interpreta a aura humana. Nos dias atuais, existem muitos trabalhos de registro dessas irradiações áuricas, mostrando, muitos deles, as mudanças do campo áurico relacionadas aos diversos estados emocionais, como também as mudanças relacionadas às condições de saúde e enfermidade.
Acredita-se que, no futuro, o estudo da aura, através da foto¬grafia Kirlian, venha a ser de grande utilidade na Medicina, na Psico¬logia e em muitas outras áreas da Ciência oficial, no entanto, no pre¬sente momento, apesar
"De inúmeras observações ainda não se chegou a conclusões precisas de como interpretar as modificações desses campos e seus respectivos reflexos na zona física, principalmente em suas posições patológi¬cas. (Jorge Andréa)
CARACTERÍSTICAS DOS FLUIDOS
Os fluidos espirituais não possuem qualidade sui generis, mas sim, qualidades do indivíduo que os elaborou. Em decorrência então da evolução espiritual e das peculiaridades particulares de cada pessoa, os fluidos irão assumir características diversas:
a) Pureza: varia ao infinito e depende do grau de evolução mo¬ral que a criatura já alcançou. Os fluidos menos puros, densos, gros¬seiros, formam a atmosfera espiritual do planeta, em decorrência do atraso espiritual que ainda caracteriza a população de Espíritos vin¬culados ao orbe terrestre. Os fluidos espirituais vão se eterizando e se sutilizando à medida que se afastam da crosta, assumindo um grau de pureza sempre crescentes. As esferas espirituais mais afastadas da su¬perfície da Terra são formadas dos fluidos mais puros em virtude de serem habitadas por entidades moralmente mais elevadas.
b) Propriedades Físicas: os fluidos espirituais apresentam ca¬racterísticas físicas como: odor, coloração, temperatura, etc. Pessoas portadoras de sensibilidade mediúnica podem perceber essas caracterís¬ticas.
c) Qualidade dos Fluidos: têm conseqüências de importância ca¬pital a qualidade dos fluidos espirituais. Sendo esses fluidos forma¬dos a partir do pensamento e, podendo este modificar-lhes as proprie¬dades, é evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem vibrar.
Será, portanto, a soma dos sentimentos da individualidade, o "raio da emoção", na expressão de André Luiz, que irá qualificar o fluido, dando a ele potencialidades superiores ou inferiores.
Nesse sentido, os fluidos vão trazer o cunho dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, hipocrisia, de bondade, de paz, etc. A qualidade dos fluidos será, em síntese, o reflexo de todas as paixões, das vir¬tudes e dos vícios da humanidade.
Assim sendo, encontra-se-á fluidos balsamizantes, alimentícios, vivificadores, estimulantes, anestesiantes, curativos, soníferos, en¬fermiços, etc.
FLUIDOS E PERISPÍRITO
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto por sua expansão e sua irradiação com eles se confunde.Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno reage sobre o organismos materiais com que se acha em contato íntimo.
Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma im¬pressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas e men¬tais das mais sérias. Muitas enfermidades têm sua gênese nesta ab¬sorção de natureza infeliz.
Bibliografia
1) A Gênese - Allan Kardec
2) No Invisível - Léon Denis
3) Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier

04 - CLASSIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS SEGUNDO SEUS EFEITOS

INTRODUÇÃO
Segundo os efeitos que produzem, podemos classificar os fenôme¬nos mediúnicos em:
1. Fenômenos de efeitos materiais, físicos ou objetivos: são os que sensibilizam os nossos sentidos físicos, podendo se apresentarem de variada forma.
2. Fenômenos de efeitos inteligentes ou subjetivos: são os que ocorrem na esfera subjetiva, não ferindo os cinco sentidos, senão a racionalidade e o intelecto.
FENÔMENOS OBJETIVOS
a) Materialização: fenômeno em que ocorre a materialização ou formação de objetos e de Espíritos, utilizando-se uma energia esbran¬quiçada que o médium emite através dos orifícios de seu corpo, chamada ectoplasma. Esta denominação foi dada por Charles Richet, quando estudava este fenômeno.
Como exemplo mais eloqüente podemos citar as experiências de William Crookes com a médium Florence Cook possibilitando a materiali¬zação do Espírito Katie King de 1870 a 1874;
b) Transfiguração: modificação dos traços fisionômicos do mé¬dium. O Espírito utiliza fluidos do mundo espiritual e os expelidos pelo próprio médium e os manipula envolvendo o rosto do médium com uma capa fluídica sobre a qual modela sua fisionomia;
c) Levitação: erguimento de objetos e pessoas contrariando a lei da gravidade. Crawford, que estudou estes fenômenos, classificou-os como resultantes de a sustentação sobre colunas de fluidos conden¬sados erguidas para suportar o peso dos objetos e erguê-los. São co¬nhecidos por "colunas de Crawford";
d) Transporte: entrada e saída de objetos de recintos hermeti¬camente fechados;
e) Bicorporeidade: aparecimento do Espírito do médium em outro local de forma materializada;
f) Voz Direta: vozes de Espíritos que soam no ambiente, inde¬pendentemente do médium, através de uma garganta ectoplásmica.
g) Escrita Direta: palavras ou frases escritas diretamente pe¬los Espíritos;
h) Tiptologia: sinais ou pancadas formando palavras e frases inteligentes;
i) Sematologia: movimento de objetos sem contato físico, tradu¬zindo um desejo, um sentimento.
FENÔMENOS SUBJETIVOS
a) Intuição: é o mecanismo mediúnico mais evoluído da espécie humana. O médium consegue captar conteúdos mentais da dimensão espiri¬tual e de lá retirar imagens, idéias ou grupos de pensamentos;
b) Vidência: é a percepção visual dos fatos que se passam na dimensão espiritual;
c) Audiência: pode-se ouvir através dos órgão auditivos do corpo físico vozes, mensagens bem caracterizadas ou dentro do cérebro onde as vibrações atingem os centros nervosos ou, ainda, em alguma zona espiritual;
d) Desdobramento: o Espírito do médium desloca-se em desdobra¬mento perispiritual às regiões espirituais ou aqui mesmo na Terra, mas sem se materializar;
e) Psicometria: é a faculdade mediúnica onde o indivíduo torna-se capaz de registrar e identificar os fluidos de objetos e locais;
f) Psicografia: manifestação mediúnica através da escrita. Pode ser observada em graus e aspectos diversos:
g) Psicofonia: é a manifestação mediúnica através da fala.
TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS
Se temos um efeito - o fenômeno físico - ele deve ter uma causa.
Vamos analisar os fenômenos mediúnicos produzidos pelos Espíritos desencarnados buscando saber como se opera esta ação, qual o seu mecanismo.
Notemos que estas teorias não nasceram de cérebros humanos, mas foram eles próprios, os Espíritos desencarnados, que as deram. Fize¬ram-nos conhecer primeiro a sua existência, sua sobrevivência, inde¬pendentemente do corpo físico ou carnal. Em segundo lugar, a existên¬cia de um envólucro semi-material que lhes serve de corpo no mundo es-piritual e que tem possibilidades de ação sobre a matéria física. É o perispírito, termo criado por Allan Kardec para designar o corpo pe¬rispiritual - a condensação do fluido (que tem origem no Fluido Cós¬mico Universal - FCU) em torno de um foco de inteligência que é o Espírito. O perispírito é um subproduto do FCU e é variável em sua maior ou menor condensação. O que lhe dá propriedades especiais para agir sobre a matéria.
O perispírito é o intermediário entre o Espírito e corpo fí¬sico, formando assim o complexo humano:
1 - Espírito
2 - perispírito
3 - corpo físico
O fenômeno mediúnico de efeito físico, isto é, aquele que sen¬sibiliza nossos sentidos físicos, tem sua explicação na ação do peris¬pírito. Para atuar sobre um objeto inanimado, o Espírito desencarnado combina o seu fluido perispiritual com o fluido que escapa do médium, satura os espaços interatômicos e intermoleculares da matéria e, com a força do pensamento, agindo como deseja. Temos como exemplo a movimentação de objetos e a comunicação por pancadas.
Manifestação Físicas Espontâneas
Em alguns lugares, tal como aconteceu com as irmãs Fox, em Hy¬desville, em 1848, observam-se fenômenos mediúnicos ostensivos, como batidas ou levantamento de objetos, sem que nenhuma pessoa tivesse in¬tenção de consegui-lo. Ocorrem espontaneamente, e muitas vezes ao dar origem aquilo que se costuma denominar de "casa mal assombrada".
Devemos analisar, primeiramente, se fenômenos como esses não são:
- frutos da imaginação ou alucinações;
- de causa física conhecida;
- mistificações, fraudes de pessoas inescrupulosas.
Excluídas as causas acima, iremos analisar o motivo pelo qual os fenômenos ocorrem ou são provocados:
1. perseguição de Espíritos;
2. desejo de comunicar-se com a finalidade de expor alguma preocu¬pação ou intenção;
3. brincadeiras para assustar;
4. intenção de provar sua sobrevivência e que o Espírito é uma realidade.
Como agir?
1. Não dar atenção quando o fenômeno for produzido por Espíritos brincalhões;
2. orientar, quando produzidos por Espíritos perturbadores e vingativos;
3. atender às solicitações, quando justas, daqueles Espírito dentro de nossas possibilidades;
4. Orar. A prece sincera e partida do íntimo da alma, tocar-lhes-ão o coração e os ajudarão naturalmente.
Bibliografia
1) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
2) No Invisível - Léon Denis
3) O Fenômeno Espírita - Gabriel Dellane
4) A História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle
5) Nos Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa

03 - MÉDIUM: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO

CONCEITO DE MÉDIUM E MEDIUNIDADE
A palavra médium é uma expressão latina que significa "meio" ou "intermediário". Allan Kardec apropriou-se dessa expressão para desig¬nar as pessoas que são portadoras da faculdade mediúnica.
Kardec [LM-cap 32] conceitua:
Médium - pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os ho¬mens.
Mediunidade - a faculdade dos médiuns, ou seja, a faculdade que possibilita a uma pessoa servir de intermediária entre os Espíritos desencarnados e os homens.
Assevera ainda Kardec [LM-it 159] que:
"todo aquele que sente em qualquer grau a influência dos Espíritos é médium."
Diante da assertiva do Codificador da Doutrina Espírita poder-se-ia indagar: Somos todos médiuns?
De forma generalizada poderíamos afirmar que sim. Todos os indivíduos possuem rudimentos da faculdade mediúnica, já que podem ser influenciados pelos Espíritos. Através do pensamento, as entidades da esfera extra-física, podem atuar sobre todos nós, de forma imperceptível. Mostram os benfeitores espirituais da Codificação que esta influência "é maior do que supomos" [LE-qst 459]
Todavia, de forma particular, na prática espírita cotidiana, é não a resposta. Orienta Allan Kardec que se deve reservar esta ex¬pressão apenas para as pessoas que permitem a produção de fenômenos patentes e de certa intensidade:
"Pode-se dizer, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, po¬rém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma facul¬dade bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou nos sensi¬tiva." [LM-it 159]
CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS MÉDIUNS
A faculdade mediúnica não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns tem geralmente aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as es¬pécies de mediunidade, embora nada impeça que um médium venha a pos¬suir mais do que uma aptidão.
Diversas são as classificações propostas, mas de forma bem prá-tica, podemos classificá-los de acordo com o tipo de mediunidade, nas seguintes categorias:
a) Médiuns de Efeitos Físicos: são aqueles aptos à produção de fenômenos que sensibilizam objetivamente os nossos sentidos, tais como: movimento de corpos inertes, ruídos, etc. Trata-se de uma cate¬goria de médiuns bastante infreqüente em nossos dias, mas que teve fundamental importância na fase de implantação da Doutrina Espírita. Sub-categorias:
1. Tiptólogos: os que produzem ruídos e pancadas. Mesmo sem que o médium tome conhecimento, os Espíritos podem se utilizar de cer-tos recursos fluídicos que eles possuem para produzir o fenô¬meno;
2. Motores: os que produzem movimentos dos corpos inertes;
3. De Translação e Suspensão: os que produzem a translação de obje¬tos através do espaço ou a sua suspensão, sem qualquer ponto de apoio. Há também os que podem elevar-se a si mesmos (levitação);
4. De Transporte: os que podem servir aos Espíritos para o trans-porte de objetos materiais através de lugares fechados;
5. Pneumatógrafos: os médiuns que permitem a escrita direta (espécie de mediuninade onde os Espíritos, utilizando-se do ec-toplasma do médium, escrevem sobre determinados objetos sem se utilizarem de lápis ou caneta);
6. Pneumatofônicos: os médiuns que permitem a voz direta (fenômeno mediúnico onde os Espíritos emitem sons e palavras através de uma "garganta ectoplásmica", sem a utilização do aparelho vocal do medianeiro);
7. De Materialização: são aqueles que doam recursos fluídicos (ectoplasma) para a materialização do Espírito ou de parte do Espírito, ou, ainda, de certos objetos;
8. De Bicorporeidade: são aqueles capazes de materializarem seu corpo perispirítico em local FORA do corpo físico;
9. De Transfiguração: são aqueles aptos a promoverem modificações temporárias em seu corpo físico, através da vontade e do pensa-mento.
b) Médiuns Sensitivos: são os médiuns capazes de registrar a presença de Espíritos por uma vaga impressão. Ora esta impressão é boa ora é ruim, dependendo da natureza da entidade desencarnada. Esta va-riedade não apresenta caráter bem definido, pois todos médiuns são mais ou menos sensitivos;
c) Médiuns Intuitivos ou Inspirados: são aqueles que recebem comunicações mentais entranhas às suas idéias, vindas da esfera imate-rial. Na realidade, todos nós somos médiuns intuitivos, pois podemos assimilar inconscientemente o pensamento dos Espíritos, mas em algumas pessoas, essa capacidade é mais evidente. Os médiuns de pressentimento são uma variedade dos intuitivos, onde há uma vaga impressão de acon-tecimentos futuros;
d) Médiuns Audientes: são os médiuns que ouvem os Espíritos. Em algumas vezes é como se escutassem uma voz interna que lhes ressoasse no foro íntimo, doutras vezes, é uma voz exterior, clara, distinta;
e) Médiuns Videntes: são aqueles aptos a verem os Espíritos em estado de vigília. Kardec fazia referência à raridade desta faculdade e em nossos dias continua pouco comum;
f) Médiuns Falantes ou Psicofônicos: são aqueles que possibili¬tam aos Espíritos a comunicação oral com outras pessoas encarnadas, utilizando dos recursos vocais do médium. É a variedade de médiuns mais comum em nossos dias;
g) Médiuns Escreventes ou Psicógrafos: são os médiuns aptos a receberem a comunicação dos Espíritos através da escrita. Foi pelos médiuns escreventes que Allan Kardec montou os pilares básicos da Co-dificação Espírita;
h) Médiuns Curadores: são aqueles aptos a curarem, através do toque, por um ato de vontade e pelo passe. Em realidade, todos somos capazes de curar enfermidades pela prece e pela transfusão fluídica, mas, também aqui, esta designação deve ficar reservada para aquelas pessoas onde a capacidade de curar ou aliviar as doenças é bem evi¬dente;
i) Médiuns Psicômetras: são aqueles aptos a identificarem os fluidos presentes em determinados objetos e locais (Psicometria);
j) Médiuns Sonambúlicos ou de Desdobramento: são aqueles capa¬zes de emanciparem seu corpo espiritual deixando a organização física num estado de sonolência ou apatia. Segundo Kardec, estes médiuns "vivem por antecipação a vida espiritual", pois são capazes de reali¬zar inúmeras tarefas no mundo dos Espíritos.
DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no seu Pequeno Di-cionário Brasileiro da Língua Portuguesa, desenvolver significa: tirar invólucro, expor minuciosamente, progredir, alargar, instruir-se. E desenvolvimento é o ato ou efeito de desenvolver.
Desenvolvimento Mediúnico é o ato de fazer crescer, progredir, expor a faculdade que permite aos homens comunicarem-se com os Espíritos.
Se nós falamos somente em desenvolvimento mediúnico e não em “criar” mediunidade ou médiuns, é, certamente porque esta faculdade não se cria numa determinada pessoa que não a possua. A mediunidade é uma faculdade tão natural no homem quanto qualquer outro dos cinco sentidos habituais (visão, audição, olfato, tato e paladar). Tomemos o paladar para exemplo. Ninguém inventa faculdade inata, pronta para ser utilizada, como que programada por milênios e milênios de existências anteriores, documentada na nossa memória espiritual. É preciso, con¬tudo, em cada existência que se reinicia, reaprender a utilizá-lo ade¬quadamente para selecionar alimentos, definir preferências ou recusar substâncias prejudiciais. Assim também é a mediunidade um atributo fí¬sico do homem. Os Espíritos afirmam a Kardec [LM-it 226]:
"A faculdade mediúnica se radica no organismo".
O médium já nasce médium. Cabe-nos portanto, se possuidores da faculdade mediúnica, nos esforçarmos por exercê-la com devotamento e humildade.
Por que desenvolver a mediunidade
De posse destes conceitos, forma-se uma nova dúvida em nossa mente: Por que desenvolver a mediunidade? Presença de mediunidade sig-nifica necessidade de trabalho na Seara Espírita? Nós sabemos que na Terra estamos rodeados por Espíritos desencarnados que a todo ins¬tante, através do pensamento, nos influenciam e são influenciados por nós. Sendo os médiuns, por características próprias de seu corpo fí¬sico, indivíduos mais sensíveis, captam com maior facilidade a in¬fluência dos Espíritos, podendo sofrer, às vezes, conseqüências desa¬gradáveis em decorrência de possuir em uma faculdade que não conhecem e não dominam.
Além disso, nós sabemos que da faculdade mediúnica podem dis¬por-se bons e maus Espíritos, podendo no caso dos maus, levarem o mé¬dium ao desequilíbrio.
O Espírito da Verdade afirma [LM-cap 31 it 15]:
"...Todos os médiuns são incontestavelmente chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida da sua faculdade..."
Em [Nos Domínios da Mediunidade] ouvimos as seguintes afirmativas do Espírito Albério (instrutor de André Luiz):
"Mediunidade, por si só não basta. É necessário sabermos que tipo de onda mental assimilamos, para conhecer a qualidade do nosso trabalho e julgar nossa direção. É perigoso possuir sem saber usar."
Assim, é a mediunidade uma faculdade inerente à própria vida, sendo semelhante ao dom da visão comum, peculiar a todas as criaturas, responsável por tantas glórias e por tantos infortúnios na Terra. En-tretanto, ninguém se lembrará de suprimir os olhos, porque milhões de pessoas, em face das circunstâncias imponderáveis da evolução, tenham se servido dos olhos para perseguir e matar nas guerras de terror e destruição. É necessário iluminá-los, orientá-los, esclarecê-los.
Etapas do Desenvolvimento Mediúnico
A mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas, antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o médium possa tornar-se um filtro leal das Esferas Superiores com vistas à ascensão da Humanidade para o Progresso.
Mas então, como proceder ao desenvolvimento mediúnico? Allan Kardec e vários benfeitores espirituais nos orientam que, no desenvol-vimento mediúnico, temos de vencer três etapas: intelectual - material - moral.
a) Etapa Intelectual: é representada pela necessidade do es¬tudo. Kardec afirma:
"...O estudo preliminar da teoria é indispensável, se quisermos evi¬tar inconvenientes inseparáveis da inexperiência." [LM-it 211]
O estudo da faculdade mediúnica e o conhecimento da Doutrina Espírita são bases essenciais e indispensáveis.
b) Etapa Material: é o adestramento, uma forma de treinamento da facul¬dade mediúnica, uma familiarização com as técnicas envolvidas no pro¬cesso da mediunidade.
"Na verdade, até hoje, não existe sinal ou diagnóstico infalível para se chegar à conclusão que alguém possua essa faculdade; os si¬nais físicos nos quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada tem de infalíveis. Ela se encontra, nas crianças e nos velhos, entre ho¬mens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Não há senão um meio para lhes contatar a existência que é o experimentar." [LM-cap 17 it 200]
Esta experimentação deve ser: perseverante, assídua, séria, em grupo, local adequado, sob orientação experiente, desprovida de condi-cionamentos.
O candidato a médium deve ter persistência, exercitando-se para as comunicações em dias e horários certos da semana, pré-estabeleci¬dos, de preferência em grupo. Kardec nos orienta [LM-it 207] que a reunião de pessoas com intenção semelhante forma um todo coletivo onde a força e a sensibilidade se encontram au¬mentadas por uma espécie de influência magnética que ajuda o desenvol¬vimento da faculdade.
A reunião deste grupo deve ser sob a direção de pessoas expe-rientes, conhecedoras da Doutrina Espírita e do fenômeno mediúnico.
Esta reunião deve ser também feita, de preferência em local apropriado, isto é, no Centro Espírita, onde estaremos sob o amparo e a orientação de Espíritos Bons, que são responsáveis pelos trabalhos mediúnicos da Casa. Além disto, todo Centro Espírita tem como que um isolamento magnético que nos protege espiritualmente durante os traba¬lhos mediúnicos. É simples compreendermos, pois na Terra acontece o mesmo. Um acadêmico de Medicina inicia seu treinamento aos doentes num Hospital e sob a supervisão de um médico experiente para evitar desas¬tres. Se for uma cirurgia será necessário um cuidado ainda maior - um centro cirúrgico.
O candidato a médium não deve desistir se, após 2, 3 ou 10 ten-tativas de comunicação com os Espíritos não obtiver qualquer resultado ou qualquer indício de comunicação. Como vimos, existem obstáculos de-correntes da própria organização mediúnica em desabrochamento, impedi-mentos materiais e psíquicos que, só com o tempo e a dedicação serão contornados.
Quanto ao médium que já controla bem sua faculdade, que permite aos Espíritos se comunicarem com facilidade, que seja, em uma pala¬vra, um “médium feito”, seria um erro de sua parte, nos assevera Kardec [LM-it 216] crer-se dispensado de qualquer outra instrução. Não venceu senão uma resistência material, e é agora que começa para ele o verdadeiro desafio, as verdadeiras dificul¬dades: vencer a terceira etapa - a moral.
c) Etapa Moral: Allan Kardec define como espírita-cristão ou verdadeiro espírita, aquele que não se contenta em admirar a moral es-pírita, mas a pratica e aceita todas as suas conseqüências. Convencido de que a existência terrena é uma prova passageira, aproveita todos os instantes para avançar no caminho do Progresso, esforçando-se em fazer o bem e anular seus maus pensamentos. A caridade em todas as coisas é a regra de sua conduta.
Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma iniciação religiosa das mais sérias, é um mandato que nos é oferecido pela Espi-ritualidade Superior a fim de ser fielmente desempenhada. Desta forma, o aspirante à mediunidade - Luz da Doutrina Espírita - deve partir da conscientização de seus ensinamentos e esforçar-se, desde o início de seu aprendizado, por ser um espírita-cristão. Isto significa trabalhar incessantemente por nossa reforma moral. Somente nossa evolução moral, nossa melhora e nosso crescimento para o Bem poderão garantir-nos o assessoramento dos bons Espíritos e o exercício seguro da mediunidade, por nossa sintonia com o Bem. E esta não é uma tarefa fácil, pois o que mais temos dentro de nós são sensações e experiências negativas e deformadas trazidas do passado. Por isso para nós ainda é mais fácil e cômodo, sintonizar com as atitudes negativas do que com as positivas.
E como faremos? Como nos livrarmos de condicionamentos inferio-res? Carregamos séculos de erros e alguns anos de boas intenções. É claro que não podemos mudar sem esforço, temos que trabalhar duro nesta reforma moral, que só nós saberemos identificar e sentir porque estará marcada em nosso íntimo. Trabalhemos com exercícios diários e constantes no bem, meditando e orando muito. Jesus, o Médium por Exce¬lência, sintonizava-se constantemente com Deus, no entanto, após a convivência com o povo, sempre se afastava para orar e meditar em si¬lêncio e solidão.
A diferença de um bom médium e um médium desajustado, não está na mediunidade, mas no caráter de um e de outro; na formação moral está a base de todo desenvolvimento mediúnico.
Alguns cuidados devem ser tomados por todos aqueles que aspiram ao desenvolvimento mediúnico:
* Culto do Evangelho no Lar: ele proporciona a renovação do clima espiritual do lar sob as luzes do Evangelho Redivivo, porque o lar é a usina maior de energia de que somos carentes, é onde compensa¬mos nossa vibrações psíquicas em reajustamento.
* Culto de Assistência: rompimento com o egoísmo, interessando-nos pelo próximo, auxiliando-o sempre em todas as ocasiões, usando ao máximo nossa capacidade de servir desinteressadamente. Participação em atividades como: campanha do quilo, distribuição de alimentos, visita aos enfermos, idosos e creches, grupos de costura, evangelização, etc.
* Freqüência ao Centro Espírita: nas reuniões públicas e outras atividades oferecidas pelas Casas Espíritas. Aprenderemos a viver em grupos Humanos que nos permitirão o exercício da humildade. Evitemos as sessões mediúnicas nos lares; organização espiritual não se impro¬visa.
* Estudo Coletivo: reunidos aos companheiros para o estudo das obras espíritas, evitemos as falsas interpretações. Assimilando as ex-periências de companheiros, estaremos alongando nossa visão e nossa percepção dos conteúdos espíritas; o que se torna mais difícil numa leitura solitária.
* Reforma Íntima: revisão e reconstrução de nossos atos e hábi-tos, permutando vícios por virtudes legitimamente cristãs que são as únicas que sobreviverão eternamente.
Como nos diz o instrutor Albério:
"... elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores..."
Dentro destes critérios de desenvolvimento da mediunidade, mesmo que nenhuma faculdade venha a desabrochar, tenhamos a certeza que estaremos desenvolvendo-nos espiritualmente e capacitando-nos para o exercício da mediunidade com Jesus.
Bibliografia
1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Livro dos Médiuns - Allan Kardec
3) Obras Póstumas - Allan Kardec
4) Médium: Quem é, Quem não é? - Demétrio Pavel
5) Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda
6) Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier
7) Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
8) Desenvolvimento Mediúnico - Roque Jacinto

02 - A PRECE

CONCEITOS
“Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas necessidades, inútil se torna expô-las.”
Este argumento não oferece muita lógica porque, independente de Deus conhecer as nossas necessidades, a prece proporciona, a quem ora, um bem-estar incalculável já que aproxima a criatura do seu Criador.
“A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos encaminha para a senda que conduz a Deus.”
Não existe qualquer fórmula para orar.
"O Espiritismo reconhece como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente.
A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa ".
A prece “Pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. As preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades.”

QUADRO I - OBJETIVOS DA PRECE
Pedir
Louvar
Agradecer


“Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas suas próprias faltas.”
Quando Jesus nos disse: “tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis” [Mateus-21:22] revelou-nos que o ato de orar é algo muito profundo do que se pode observar à primeira vista. Desta máxima: “concedido vos será o que quer que pedirdes pela prece”, fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para o nosso bem. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses.”
EFICÁCIA DA PRECE
Devemos cultivar o hábito de orar, porque a prece, inegavelmente, tem sua eficácia.
"O santuário doméstico que encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados, converte-se em campo sublime das mais belas florações e colheitas espirituais "
“A prece não é movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos de inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e coloca-nos em contato com as fontes superiores”
“Os raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperação eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência.
Toda prece elevada é manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade”
Compreende-se também que, além da importância do cultivo da oração, devemos aprender a orar e a entender as respostas do Alto às nossas súplicas.
“Exporemos em prece ao Senhor os nossos obstáculos, pedindo as providências que se nos façam necessárias à paz e à execução dos encargos que a vida nos delegou; entretanto, suplicaremos também a Ele nos ilumine o entendimento, para que lhe saibamos receber dignamente as decisões.”
“Entre o pedido terrestre e o Suprimento Divino, é imperioso funcione a alavanca da vontade humana, com decisão e firmeza, para que se efetive o auxílio solicitado”
“Confiemos em Deus e supliquemos o amparo de Deus, mas, se quisermos receber a Benção Divina, procuremos esvaziar o coração de tudo aquilo que discorde das nossas petições, a fim de oferecer à Benção Divina clima de aceitação, base e lugar.”
“Em verdade, todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em qualquer tempo, as mais variadas preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e humildade, para esperar e compreender as respostas de Deus.”

QUADRO II - CARACTERÍSTICAS DA PRECE
É clara, simples, espontânea e breve;
Está acompanhada de sentimento de humildade e sinceridade;
Dispensa aparatos exteriores;
Independe do local, hora, atitude física e gestos.

Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec

01 - A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS

INTRODUÇÃO:Estudando as civilizações da Terra, vamos observar que a mediu¬nidade tem-se manifestado, em todos os tempos e em todos os lugares, desde as mais remotas épocas. A crença na imortalidade da alma e a possibilidade da comunicação entre os "vivos" e os "mortos" sempre existiu.
Ao observarmos o passado, evocando a lembrança das religiões desaparecidas, das crenças mortas, veremos que todas elas tinham um ensinamento dúplice: um exterior ou público, com suas cerimônias bizarras, rituais e mitos, e outro interior ou secreto revestido de um caráter profundo e elevado. Os aspectos exteriores eram levados ao povo de um modo geral, enquanto que o aspecto interior era revelado apenas a indivíduos especiais. Chamados "iniciados" por algumas religiões, estes eram preparados desde a infância, às vezes por 20 a 30 anos.
Julgar uma religião, apenas levando em consideração o seu aspecto exterior, será o mesmo que apreciar o valor moral de uma pessoa por suas vestes. Analisando o aspecto interior destas religiões, ob¬servaremos que todos os ensinamentos estão ligados entre si como uma única doutrina básica, que os homens trazem intuitivamente, desde um passado longínquo. Vamos observar alguns aspectos interessantes das religiões do passado.
ÍNDIA:Na Índia, berço de todas as religiões da Humanidade, temos o Livro dos Vedas, datado de aproximadamente 1.500 a.C., que tem sido re¬conhecido como o mais antigo código religioso da Humanidade; são qua¬tro livros cujo conteúdo principal são cânticos de louvor. Os Brâmanes, seguidores dos Vedas, acreditam que este código religioso foi ditado por BRAHMA. Nos Vedas encontramos afirmati¬vas claras sobre imortalidade da alma e a recriação:
"Há uma parte imortal no Homem, o AGNI, ela é que é preciso rescaldar com teus raios, inflamar com os teus fogos(...).
(...)Assim como se deixam as vestes gastas, para usar novas vestes, também a alma deixa o corpo usado para recobrir novos corpos."
Ainda na Índia, encontramos KRISHNA, educado por ascetas nas florestas do cume do Himalaia, inspirador de uma doutrina religiosa, na verdade um reformulador da Doutrina Védica. Deixa claro a idéia da imortalidade da alma, as reencarnações sucessivas, e a possibilidade de comunicação entre vivos e mortos:
"O corpo envoltório da alma, que nele faz sua morada, é uma coisa finita, porém a alma que o habita é invisível, imponderável e eterna."
"Todo renascimento feliz ou infeliz é conseqüência das obras praticadas em vidas anteriores."
Estes são alguns aspectos dos ensinamentos de KRISHNA, que po¬dem ser encontrados nos livros sagrados, conservados nos santuários ao sul do Industão.
Também na Índia, 600 a.C., vamos encontrar Siddartha Gautama, o Buda, filho de um rei da Índia, que certo dia saindo do castelo, onde até então vivera, tem contato com o sofrimento humano e, sendo tomado de grande tristeza, refugia-se nas florestas frias do Himalaia e, de¬pois de aproximadamente 15 anos de meditação, retorna trazendo para a Humanidade uma nova crença, toda baseada na caridade e no amor:
"Enquanto não conquistar o progresso (Nirvana) o ser está condenado a cadeia das existências terrestres."
"Todos os Homens são destinados ao Nirvana."
Buda e seus discípulos praticavam o Dhyana, ou seja, a contemplação aos mortos:
"Durante este estado, o Espírito entra em comunicação com as almas que já deixaram a Terra."
EGITO:No Egito, o culto aos mortos foi muito praticado. As Ciências psíquicas atuais eram familiares aos sacerdotes da época; o conheci¬mento das formas fluídicas e do magnetismo eram comuns. O destino da alma, a comunicação com os mortos, a pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados eram, para eles, problemas solucionados e conhecidos. Egiptólogos modernos, estudando as pirâmides, os túmulos dos faraós, os papiros, deixam claro todos estes aspectos reconhecendo a grande sabedoria deste povo. Como em outras religiões, apenas os iniciados conheciam as grandes verdades, o povo, por interesse de po¬der dos soberanos, praticamente mantinha-se ignorante a este respeito.
CHINA:Na China, vamos encontrar Lao-Tsé e Confúcio, 600 a 400 a.C., que com os seus discípulos (iniciados), mantinham no culto dos ante¬passados a base de sua fé. Neste culto, a idéia da imortalidade e a possibilidade da evocação dos mortos era clara.
ISRAEL:Cerca de 15 séculos antes de Cristo, Moisés, o grande legisla¬dor hebreu, observando a ignorância e o despreparo de sue povo, pro¬cura através de uma lei disciplinar, educar os hebreus com relação a evocação dos mortos. Se houve esta proibição, é claro que a evocação dos mortos era comum entre este povo da Antiguidade. Moisés assim se referiu:
"Que ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os mortos para saber a verdade."
Não havia chegado o momento para tais revelações.
Estudando a vida de Moisés, vemos que ele era possuidor de uma mediunidade fabulosa que possibilitou o recebimento dos "Dez Mandamen¬tos", no Sinai, que até hoje representa a base dos códigos de moral e ética no mundo.
GRÉCIA:Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Vários filósofos, desta progressista civilização, se referem a estes fatos: Pitágoras (600 a.C.) Astófanes, Sófocles (400 a.C.) e a maravilhosa figura de Sócrates (400 a.C.). A idéia da unicidade de Deus, da pluralidade dos mundos habitados e da multiplicidade das existências era por eles transmitidas a todos os seus iniciados. Sócrates, o grande filósofo, aureolado por divinas claridades espirituais, tem uma existência que em algumas circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do próprio Cristo:
"A alma quando despida do corpo, conserva evidentes, os traços de seu caráter, de suas afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida."
JESUS:Jesus, o Médium de Deus, teve sua existência assinalada por fenômenos mediúnicos diversos. O Novo Testamento traz citações claras e belas de mediunidade em suas mais diferentes modalidades.
IDADE MÉDIA:A Idade Média foi uma época em que o estudo mais profundo da religião era praticado apenas por sociedades ultra-secretas. Milhares de vidas foram sacrificadas sob a acusação de feitiçaria, por evocarem os mortos.
Nesta época, tão triste para a Humanidade, em vários aspectos, podemos citar como uma grande figura, Joana D'arc, que guiando o povo francês, sob orientação de "suas vozes", deixou claro a possibilidade da comunicação entre os vivos e os mortos.
O ESPIRITISMO
Foi no século XIX (1848), na pacata cidade de Hydesville, no estado de New York (EUA), na casa da família Fox, que o fenômeno mediúnico começaria a ser conhecido em todo o mundo.
Chegara o momento em que todos as coisas deveriam ser reestabele¬cidas. Foi quando surgiu no cenário terrestre, aquele que deu corpo à Doutrina dos Espíritos: Hippolyte Léon Denizar Rivail, ou ALLAN KARDEC, como ficou conhecido.
Em 1855, com a idade de 51 anos, Kardec iniciou um tra¬balho criterioso e científico sobre o fenômeno mediúnico e após alguns anos de estudos sistematizados lançou, em 18 de abril de 1857, O Livro dos Espíritos; em 1859 - O Que é o Espiritismo; em 1861 - O Livro dos Médiuns; em 1864 - O Evangelho Segundo o Espiritismo; em 1865 - O Céu e Inferno e em 1868 - A Gênese.
Graças ao sábio lionês tivemos a Codificação da Doutrina Espí¬rita reconhecida como a Terceira Revelação, o Consolador Prometido por Jesus.

Bibliografia
1) Depois da Morte - Léon Denis
2) História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle
3) Allan Kardec - Zeus Wantuil e Francisco Thiesen